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Paternidade Atípica: desafios e ferramentas diante da neurodiversidade

Paternidade Atípica

A fase de espera por um filho é repleta de expectativas, ansiedade e novos sonhos no coração dos pais. No entanto, com a descoberta de alguma neurodivergência, toda a paternidade idealizada precisa se ajustar a essa nova realidade. Esse cenário se intensifica ainda mais no caso de homens diagnosticados com Transtorno do Espectro Autista (TEA) ou outras comorbidades, tornando a experiência da paternidade uma jornada repleta de desafios singulares.


A paternidade atípica não é uma jornada fácil e, por se tratar de um tema que precisa ser mais discutido, preparamos este conteúdo.





O papel do pai na criação de filhos

O papel do homem na criação dos filhos ainda é bastante estigmatizado e cercado de preconceitos. Ainda é muito presente a imagem do homem como provedor, com a identidade formada a partir de seu trabalho e com um papel secundário em relação ao da mulher na formação das crianças. Mas, felizmente, a paternidade vem sendo ressignificada ao longo dos anos, com homens cada vez mais interessados, envolvidos ou, até mesmo, totalmente responsáveis pela formação de seus filhos. A sociedade só ganha com isso!


Muito mais do que
ajudar a parceira ou o parceiro, as crianças carecem de pais que desempenhem ativamente o seu papel. Pais que assumem responsabilidades nas atividades diárias, que priorizam o bem-estar físico e psicológico de seus filhos e que os orientam em sua trajetória de formação como seres humanos. É nesse paternar participativo, presente e responsável que acreditamos.


Segundo o estudo “
Situação da Paternidade no Brasil'', realizado em 2015 pelo Instituto Promundo, “as relações pai-filho/a, em todas as comunidades e em todas as fases da vida, têm impactos profundos sobre as crianças que podem durar por toda uma vida, sejam essas relações positivas, negativas ou inexistentes. A participação dos homens como pais e cuidadores também é de extrema importância para a vida das mulheres e afeta positivamente a vida dos próprios homens.”


O mesmo estudo realizado no ano de 2019 apresenta o trecho a seguir: “a quantidade de tempo que os pais passam com filhas e filhos e a forma como interagem com elas/eles importa (...) Atividades como trocar fraldas, dar banho, brincar, estudar, alimentar e colocar para dormir, contribuem para construção de laços entre pais, filhas e filhos, bem como para que os lares sejam mais igualitários.”



Benefícios da presença paterna para crianças autistas


No contexto das crianças com autismo,
há ganhos específicos que a paternidade presente e ativa proporciona. Afinal, homens e mulheres costumam ter características diferentes e complementares. O pai se torna uma referência a ser imitada, um exemplo para os filhos por meio de seus comportamentos, habilidades, profissão, gostos pessoais, de sua diferente forma de brincar, corrigir e amar. Isso possibilita que a criança no espectro tenha contato com uma personalidade distinta de sua mãe, trazendo uma série de ganhos para os filhos com TEA:


  • faz com que o repertório da criança aumente
  • aumenta a flexibilidade mental
  • ajuda-os a serem mais tolerantes
  • aprendem diferentes formas de se comportar
  • ajuda-os a entender diferentes maneiras de ser, facilitando o relacionamento interpessoal.


Com tudo isso entendemos o quão indispensável é a presença da figura paterna na formação de uma pessoa. A influência paterna, quando ativa e atenciosa, complementa o papel da mãe e
enriquece a trajetória de crescimento e desenvolvimento da criança, especialmente aquelas que estão no espectro.



 

Desafios da paternidade atípica

Para pais de crianças com TEA

 

Os desafios dos pais de crianças no espectro começam logo na primeira infância, quando aparecem os primeiros sintomas. Com eles vem a busca por respostas, o sofrimento por não entender o que está acontecendo com o filho ou filha e o medo do diagnóstico. Após o diagnóstico, surgem questões ainda maiores: compreender, aceitar e se adaptar à realidade do TEA.


Segundo
Joice Andrade, neuropsicóloga e Diretora Científica da Jade Autism, ao acompanhar crianças no espectro, não é raro se deparar com pais que “se culpam pelo diagnóstico do filho ou que não o aceitam. Quando isso acontece, o foco do trabalho terapêutico segue a linha da aceitação da condição e do entendimento de que não existe um culpado”. Joice acrescenta que “só aceitando a condição, limitações e potencialidades podemos agir para que essa criança tenha um melhor desenvolvimento de habilidades, sejam elas motoras ou cognitivas”.


Passar pelo processo da
perda do “filho ideal” pode trazer grande sofrimento. Segundo pesquisa realizada em 2012 pelo Instituto Baresi, no Brasil, cerca de 78% dos pais abandonaram as mães de crianças com deficiências e doenças raras, antes dos filhos completarem 5 anos de vida. Muitos alegam não suportar a perda desse “filho ideal”.


É por isso que o
acompanhamento psicológico e a troca de experiências com outros homens que também têm filhos atípicos é tão importante. Poder expressar seus sentimentos e aprender a ressignificar a paternidade pode trazer muito conforto e força para enfrentar os desafios.


Recomendamos um vídeo feito por Guilherme, do
@papaiatipico, onde ele aborda o tema da paternidade atípica e como ressignificá-la. A legenda do vídeo diz o seguinte:


“Por que minha paternidade é tão diferente das outras?


Durante a gravidez de Dora, li, ouvi podcast e assisti vídeos sobre paternidade. Me preparei para ser pai e Dora nasceu para me dar uma paternidade sobre a qual ninguém falava: ser pai de uma pessoa com deficiência.

.

Me vi excluído dos diálogos e conteúdos sobre paternar. Me excluí do convívio com pais de pessoas neurotípicas por achar que minha paternidade não era digna de ser compartilhada.

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Mas afinal, por que minha paternidade é tão diferente? No que ela difere? E como isso pesou em minha saúde mental?”


Clique para assistir o vídeo completo
.

 

Para homens com TEA

Outra realidade pouco abordada, são os desafios enfrentados por pais com diagnóstico de autismo.


Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), há cerca de
70 milhões de pessoas diagnosticadas com TEA no mundo e cerca de dois milhões de casos só no Brasil. Também há pesquisas que indicam que a incidência do autismo em homens é quatro vezes maior do que entre as mulheres*


*Observação importante: por se manifestar de formas diferentes conforme o sexo biológico, é possível que muitas mulheres sofram com atrasos na identificação do TEA ou, até mesmo, passem toda a vida sem receber o diagnóstico correto.
Clique para ler mais sobre autismo em mulheres.


Mas as crianças com TEA crescem e os desafios de cada fase vão aparecendo, da vida acadêmica e mercado de trabalho até os relacionamentos e a paternidade.


Algo curioso é que
muitos homens autistas descobrem que também fazem parte do espectro somente após o diagnóstico dos filhos. Começam a perceber similaridades no comportamento das crianças, como se as suas dificuldades e sintomas fossem um espelho da sua própria infância. Assim, ao acompanhá-los aos médicos, às terapias e entender mais sobre o TEA, se identificam e começam a buscar seu próprio diagnóstico.


A paternidade para uma pessoa no espectro é vivenciada de forma bastante distinta de alguém neurotípico. Entre as diferenças estão o
enfrentamento de forma intensa de suas próprias limitações e comorbidades, como a sensibilidade ao toque, sons e cheiros, como não conseguir interpretar ou expressar sentimentos e as constantes interações sociais com os filhos. E como se isso já não bastasse, ainda há preconceitos, cobranças e a sensação de inadequação no modo de paternar.


O acúmulo de tarefas, as próprias terapias e a rotina imprevisível das crianças pode causar muita ansiedade, pressão e desequilíbrios. Por isso, é necessário
apoio para que os pais neuroatípicos tenham mais tempo para realizar suas terapias, tratamentos e se autorregular sensorialmente. A busca pelo autoconhecimento e por grupos de apoio também são essenciais para conseguirem acolher a si mesmos e aos seus filhos.



Pais, cuidem-se!

Apesar de todos os desafios diários, nós queremos incentivar você a se cuidar. Por isso, seguem algumas sugestões:

  • Assim como seu filho recebe todo amor, compreensão e cuidado, você também merece isso. Invista tempo em acompanhamento psicológico! Apesar de muitos pais negligenciarem esse autocuidado, lembre-se que todas as responsabilidades e dificuldades serão mais facilmente enfrentadas com as ferramentas certas para isso. Você precisa de um local seguro para desabafar, se expressar e se aconselhar.

  • Faça parte de grupos sobre paternidade e autismo, presenciais ou online. É uma excelente forma de compartilhar experiências, pedir ajuda, aprender novas formas de lidar com alguns desafios e descobrir novas perspectivas.

  • Crie uma rede de apoio com familiares e amigos confiáveis, não tenha vergonha de pedir ajuda quando for necessário!

  • Por mais difícil que seja, tire algum tempo para você, nem que seja na sala de espera da terapia do seu filho. Se esforce para não perder a conexão consigo mesmo, continue realizando passatempos e atividades que você tinha antes da paternidade.


Conheça outros papais atípicos

Listamos abaixo algumas sugestões de livros abordam a paternidade atípica e, também, alguns perfis de redes sociais que tratam sobre o assunto:


Livros:


Pais atípicos:

 



Esperamos que você se sinta acolhido e fortalecido. Os desafios são muitos, mas o amor nos ajuda a superar e a nos reinventar.




Conheça a Jade


Jade Autism é uma empresa que promove a 
educação inclusiva por meio da tecnologia. Nossas soluções foram desenvolvidas para apoiar crianças e adolescentes com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e outras neurodivergências, possibilitando que escolas e professores ofereçam uma abordagem individualizada para cada aluno.


Tudo isso é feito por meio do 
Jade EduJade APP e Jade ASTEA, que juntos promovem o desenvolvimento cognitivo desses alunos por meio de jogos, dão suporte aos profissionais de ensino e facilitam a identificação da hipótese de autismo.


Clique aqui para saber mais
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