A tecnologia como aliada para o tratamento do Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um tema recorrente no Blog do Jade Autism.
Muitas vezes falamos sobre como ela pode ser utilizada em diferentes terapia, como é o caso da Análise do Comportamento Aplicada. Entretanto, aplicativos e softwares especiais podem ser utilizados por outros profissionais da saúde.
É este o caso dos fonoaudiólogos, que atualmente podem contar com diferentes recursos para estimular seus pacientes, inclusive crianças com TEA. Continue a leitura e saiba mais!
Qual a importância da fonoterapia para pacientes autistas?
De acordo com Paloma Moreno, fonoaudióloga especializada em psicomotricidade e análise do comportamento, “a fonoterapia é essencial para a pessoa com o tal diagnóstico”.
A profissional salienta que é o fonoaudiólogo quem avalia como a criança com TEA se comunica, o quanto ela inicia interações com os outros e quais as funções de seus atos.
E é a partir dessas observações que são traçados os planos terapêuticos, com o objetivo de inserir a criança em diferentes contextos, sendo compreendida por todos.
Quais os principais desafios entre fono e autismo?
“Sempre falo que nosso desafio é conseguir manipular o ambiente para criar oportunidades de iniciativas por parte do paciente com autismo”, diz Paloma. “Saber criar o silêncio e o querer, para eles poderem se manifestar, e assim ensinamos como – sempre com comportamentos adequados”, ela complementa.
No post “Fono e autismo: a importância da fonoterapia para o tratamento” você pode ficar sabendo ainda mais sobre o tema!
Como a tecnologia pode apoiar o fonoaudiólogo?
A tecnologia pode ser uma grande aliada para os fonoaudiólogos. E não apenas na relação da fono e autismo, mas também para tratar outras patologias e situações.
Paloma explica que atualmente, aplicativos com Sistema de Comunicação Aumentativa e Alternativa (CAA) podem ajudar muito a incentivar crianças com TEA.
Ela ressalta também a importância de aplicativos usados para aquisição de habilidades, e sistemas de armazenamento de prontuários e programas de terapia. Esses softwares são capazes de gerar dados úteis para análise do progresso da intervenção com cada paciente.
Para a fonoaudióloga, os aplicativos que servem para comunicação possibilitam efetividade e rapidez para o estabelecimento da relação entre paciente e o mundo, até que a fala funcional e inteligível seja estabelecida.
“Funcional porque não queremos que a criança saiba apenas a falar, produzir palavras, mas que ela consiga falar algo para o outro”, Paloma explica. “ E inteligível, porque se a criança fala algo para o outro, mas com muitas trocas ou omissões na fala, ou uma velocidade muito rápida, por exemplo,ela não será compreendida”, completa a profissional.
A fono ainda salienta que nessas situações o CAA funciona muito bem. Afinal, ele não é uma alternativa para pessoas que não falam, mas também para quem fala.
Isso porque esses sistemas ajudam nos seguintes quesitos:
- Enriquecimento de vocabulário;
- Extensão frasal;
- Aprendizado de funções comunicativas, como comentário, vocativos, respostas como Sim ou Não, indo além de pedidos.
Como utilizar tecnologia na fonoterapia?
Para começar a utilizar a tecnologia com seus pacientes, é importante levar algumas questões em consideração. É isso que nos explica a fonoaudióloga Paloma Moreno:
“Escolher um sistema de alta tecnologia em detrimento do de baixa tecnologia (os que não dependem de um aparelho eletrônico) depende do investimento que a família pode fazer para tal”.
Optar pela alta tecnologia, segundo a profissional, traz ganhos como:
- Variedade de voz a cada vez que o paciente clica no botão;
- Facilidade de transporte, uma vez que o celular raramente é esquecido pela família.
Fono e autismo: Conheça o Matraquinha
Um aplicativo de alta tecnologia para fonoterapia é o Matraquinha. Ele é gratuito e serve como um meio de Comunicação Alternativa e Aumentativa.
“Após baixar o aplicativo do Matraquinha no aparelho eletrônico, ele pode ser acionado e já utilizado para se comunicar”, explica Paloma.
A fono salienta que no site do Matraquinha há artigos para orientar a utilização do app pelos profissionais, orientando como trabalhar habilidades importantes. Por exemplo: pedir por atenção ou ajuda, tudo através do app.
Já na página inicial do aplicativo, há pastas das categorias de semânticas. Nelas, quando clicamos nos ítens os sons aparecem. Assim, o paciente utiliza o Matraquinha como sua voz e pode ser compreendida pelo seu ouvinte.
É importante salientar que, assim como o app Jade Autism, um software terapêutico para crianças autistas, o Matraquinha também foi criado para o tratamento do TEA. Entretanto, seu uso pode ser desdobrado em diferentes tratamentos de dificuldades verbais, não exclusivamente do autismo.
Além disso, a fono Paloma esclarece que este app é indicado para pessoas que não conseguem ter sucesso se comunicando pela fala.
“É essencial uma avaliação dinâmica para se estabelecer qual o melhor sistema para cada pessoa”, explica Paloma Moreno. “Muitos aspectos são levados em conta quando o fonoaudiólogo escolhe o sistema, desde o preço, o tipo de aparelho que a família poderá adquirir, as habilidades cognitivas e linguísticas do paciente, e até a habilidade do próprio terapeuta em usar tais possibilidades”.
Que exercicios fazer para o desenvolvimento da fala?
Muitos profissionais, quando iniciam o tratamento de pacientes com novas tecnologias, e até mesmo os responsáveis pelas crianças, podem ficar com dúvidas sobre que exercícios fazer para o tratamento.
Paloma dá alguns exemplos e dicas para estes casos: “Com o app, o próprio uso e repetição durante os pedidos ou comentários, e o paciente ouvindo o modelo da palavra, já aumenta a chance da fala aparecer”.
Entretanto, sem o uso de tecnologias, a fonoaudióloga explica que o modelo verbal é dado pelo adulto:
“No início, a orientação é dar sempre modelos curtos e repetidos em brincadeiras com a criança. Se ela ainda não falar nada, então o adulto deve falar uma palavra por vez, e não frases longas. Se ela já fala uma palavra por situação, o adulto pode falar duas. Assim aumentamos também a chance dela usar o modelo oferecido”.
A profissional deixa claro que não é indicado que adultos falem sem parar para nomear tudo ao seu redor. Isso porque a criança precisa de oportunidades de falar, e apenas ouvir não quer dizer que ela esteja aprendendo. “Aprender está ligado a uma mudança de comportamento”, esclarece Paloma.
Ela nos lembra que o acompanhamento como um fonoaudiólogo experiente é essencial para aproveitar melhor o tempo de aquisição de habilidades.
“E sempre ter cuidado para que não se estabeleça uma fala estereotipada ou que dependa da iniciativa do outro. O fonoterapeuta que avaliará a necessidade de iniciar-se uma terapia específica para o planejamento motor da fala, se esse for o caso desta não ter se estabelecido ainda”, ela conclui.
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